Os seres humanos consomem, a cada ano, um montante de recursos naturais
50% superior ao que a Terra pode produzir, de forma sustentável nesse
mesmo período. Os dados são da ONG WWF.
PEGADA ECOLÓGICA
1. Catar |
2. Kuwait |
3. Emirados Árabes Unidos |
4. Dinamarca |
5. EUA |
6. Bélgica |
7. Austrália |
8. Canadá |
9. Holanda |
10. Irlanda |
- Fonte: Global Footprint Network / Sociedade Zoológica de Londres
De acordo com um relatório "Living Planet", divulgado nesta
terça-feira, a Terra leva um ano e meio para repor todos os recursos que
a população mundial consome a cada ano. Para muitos ambientalistas, a
Rio+20, conferência internacional que será realizada no Brasil em junho,
é uma oportunidade para os países aumentarem de forma urgente a
proteção à natureza.
"A conferência Rio+20 é uma oportunidade para o mundo tratar com
seriedade a necessidade de tornar o desenvolvimento sustentável", disse
David Nussbaum, presidente do WWF na Grã-Bretanha. O Brasil ficou em 56º
lugar.
"Nós precisamos aumentar o senso de urgência, e eu acho que em última
instância isso não diz respeito somente às nossas vidas mas também ao
legado que vamos deixar para as futuras gerações", acrescentou.
Desde 1966, a demanda por esses recursos se duplicou, acentuando as
diferenças entre habitantes de países ricos e pobres. Se cada morador da
Terra consumisse como um americano, por exemplo, seriam necessários
quatro planetas para responder a essa demanda.
Análises feitas por outra organização, a Global Footprint Network, também mostram um cenário preocupante.
Análises feitas por outra organização, a Global Footprint Network, também mostram um cenário preocupante.
Os cálculos têm como objetivo dimensionar o quão sustentável nossa
sociedade global é em termos de sua pegada ecológica – uma medida
composta por fatores tais como a queima de combustíveis fósseis, o uso
de áreas agrícolas para produção de alimentos, e o consumo de madeira e
peixes capturados em ambiente selvagem.
No ranking elaborado pela organização, os Estados Unidos ficam entre os
dez países como maior pegada ecológica. Entre os primeiros da lista
aparecem ainda Dinamarca, Bélgica, Austrália e Irlanda.
No ranking elaborado pela organização, o Golfo Pérsico emerge como a região com a pegada ecológica per capita mais alta do mundo, com Catar, Kuwait e Emirados Árabes Unidos como os países menos sustentáveis.
No ranking elaborado pela organização, o Golfo Pérsico emerge como a região com a pegada ecológica per capita mais alta do mundo, com Catar, Kuwait e Emirados Árabes Unidos como os países menos sustentáveis.
Áreas tropicais
O estudo mostrou, ainda, que a exploração dos recursos naturais provocou uma redução de 30% da vida selvagem no planeta desde 1970. Entre as espécies tropicais a redução foi ainda maior, de 60%.
O estudo mostrou, ainda, que a exploração dos recursos naturais provocou uma redução de 30% da vida selvagem no planeta desde 1970. Entre as espécies tropicais a redução foi ainda maior, de 60%.
O documento combinou dados de mais de 9.000 populações de animais ao
redor do mundo para chegar a esta conclusão. Seus principais autores, os
pesquisadores do WWF, dizem que o progresso global quanto à proteção da
natureza e o combate às mudanças climáticas ainda é "glacial".
O relatório usa dados sobre tendências populacionais de várias espécies
ao redor do mundo compilados pela Sociedade Zoológica de Londres (ZSL,
na sigla em inglês). Na edição mais completa de seu relatório até hoje, a
ZSL examinou um número recorde de espécies (2.600), e populações destas
espécies (9.104).
As espécies mais afetadas são aquelas encontradas em rios e lagos das
regiões tropicais, que apresentam uma redução de 70% desde 1970. O
diretor do Instituto de Zoologia da ZSL, Tim Blackburn, fez uma analogia
entre as cifras ambientais e o mercado financeiro.
"Haveria pânico se o FTSE [índice da Bolsa de Londres] mostrasse um declínio como este. A natureza é mais importante do que o dinheiro. A humanidade pode viver sem dinheiro, mas nós não podemos viver sem a natureza e os serviços essenciais que ela nos traz", avaliou.
Uma das recomendações à Rio+20 diz respeito a este conceito, e aconselha os governos de todo o mundo a utilizarem indicadores econômicos que incluam uma valoração do "capital natural".
"Haveria pânico se o FTSE [índice da Bolsa de Londres] mostrasse um declínio como este. A natureza é mais importante do que o dinheiro. A humanidade pode viver sem dinheiro, mas nós não podemos viver sem a natureza e os serviços essenciais que ela nos traz", avaliou.
Uma das recomendações à Rio+20 diz respeito a este conceito, e aconselha os governos de todo o mundo a utilizarem indicadores econômicos que incluam uma valoração do "capital natural".
Escassez d’água
Uma nova medida desenvolvida pelo WWF permite rastrear a escassez de
água em 405 sistemas de rios ao redor do mundo com periodicidade mensal.
A análise revela que 2,7 bilhões de pessoas (quase metade da população
mundial) já têm que lidar com falta d’água por ao menos um mês todos os
anos.
O relatório destaca alguns exemplos de progresso quanto à
sustentabilidade, tais como um programa no Paquistão que ajudou
fazendeiros de algodão a reduzirem o uso de água, pesticidas e
fertilizantes gerando uma colheita semelhante.
Os dados também mostram algumas áreas que precisam de atenção urgente,
tais como uma taxa mundial de desperdício de alimentos de 30% causada
por comportamento irresponsável nos países mais ricos e a falta de
infraestrutura de armazenamento em nações em desenvolvimento.
David Nussbaum, presidente do WWF na Grã-Bretanha, compara os dados com
o mercado financeiro ao dizer que não é tarde demais para alterar as
tendências em curso, mas que "precisamos lidar com isto com a mesma
urgência e determinação com as quais lidamos com a crise financeira
sistêmica global".
Fonte: Uol