Terra leva um ano e meio para repor recursos consumidos anualmente, diz estudo

sexta-feira, 25 de maio de 2012

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Os seres humanos consomem, a cada ano, um montante de recursos naturais 50% superior ao que a Terra pode produzir, de forma sustentável nesse mesmo período. Os dados são da ONG WWF.

PEGADA ECOLÓGICA

1. Catar
2. Kuwait
3. Emirados Árabes Unidos
4. Dinamarca
5. EUA
6. Bélgica
7. Austrália
8. Canadá
9. Holanda
10. Irlanda
  • Fonte: Global Footprint Network / Sociedade Zoológica de Londres
De acordo com um relatório "Living Planet", divulgado nesta terça-feira, a Terra leva um ano e meio para repor todos os recursos que a população mundial consome a cada ano. Para muitos ambientalistas, a Rio+20, conferência internacional que será realizada no Brasil em junho, é uma oportunidade para os países aumentarem de forma urgente a proteção à natureza.
"A conferência Rio+20 é uma oportunidade para o mundo tratar com seriedade a necessidade de tornar o desenvolvimento sustentável", disse David Nussbaum, presidente do WWF na Grã-Bretanha. O Brasil ficou em 56º lugar.
"Nós precisamos aumentar o senso de urgência, e eu acho que em última instância isso não diz respeito somente às nossas vidas mas também ao legado que vamos deixar para as futuras gerações", acrescentou.
Desde 1966, a demanda por esses recursos se duplicou, acentuando as diferenças entre habitantes de países ricos e pobres. Se cada morador da Terra consumisse como um americano, por exemplo, seriam necessários quatro planetas para responder a essa demanda.
Análises feitas por outra organização, a Global Footprint Network, também mostram um cenário preocupante.
Os cálculos têm como objetivo dimensionar o quão sustentável nossa sociedade global é em termos de sua pegada ecológica – uma medida composta por fatores tais como a queima de combustíveis fósseis, o uso de áreas agrícolas para produção de alimentos, e o consumo de madeira e peixes capturados em ambiente selvagem.
No ranking elaborado pela organização, os Estados Unidos ficam entre os dez países como maior pegada ecológica. Entre os primeiros da lista aparecem ainda Dinamarca, Bélgica, Austrália e Irlanda.
No ranking elaborado pela organização, o Golfo Pérsico emerge como a região com a pegada ecológica per capita mais alta do mundo, com Catar, Kuwait e Emirados Árabes Unidos como os países menos sustentáveis.
 
Áreas tropicais
O estudo mostrou, ainda, que a exploração dos recursos naturais provocou uma redução de 30% da vida selvagem no planeta desde 1970. Entre as espécies tropicais a redução foi ainda maior, de 60%.
O documento combinou dados de mais de 9.000 populações de animais ao redor do mundo para chegar a esta conclusão. Seus principais autores, os pesquisadores do WWF, dizem que o progresso global quanto à proteção da natureza e o combate às mudanças climáticas ainda é "glacial".
O relatório usa dados sobre tendências populacionais de várias espécies ao redor do mundo compilados pela Sociedade Zoológica de Londres (ZSL, na sigla em inglês). Na edição mais completa de seu relatório até hoje, a ZSL examinou um número recorde de espécies (2.600), e populações destas espécies (9.104).
As espécies mais afetadas são aquelas encontradas em rios e lagos das regiões tropicais, que apresentam uma redução de 70% desde 1970. O diretor do Instituto de Zoologia da ZSL, Tim Blackburn, fez uma analogia entre as cifras ambientais e o mercado financeiro.
"Haveria pânico se o FTSE [índice da Bolsa de Londres] mostrasse um declínio como este. A natureza é mais importante do que o dinheiro. A humanidade pode viver sem dinheiro, mas nós não podemos viver sem a natureza e os serviços essenciais que ela nos traz", avaliou.
Uma das recomendações à Rio+20 diz respeito a este conceito, e aconselha os governos de todo o mundo a utilizarem indicadores econômicos que incluam uma valoração do "capital natural".
 
Escassez d’água
Uma nova medida desenvolvida pelo WWF permite rastrear a escassez de água em 405 sistemas de rios ao redor do mundo com periodicidade mensal.
A análise revela que 2,7 bilhões de pessoas (quase metade da população mundial) já têm que lidar com falta d’água por ao menos um mês todos os anos.
O relatório destaca alguns exemplos de progresso quanto à sustentabilidade, tais como um programa no Paquistão que ajudou fazendeiros de algodão a reduzirem o uso de água, pesticidas e fertilizantes gerando uma colheita semelhante.
Os dados também mostram algumas áreas que precisam de atenção urgente, tais como uma taxa mundial de desperdício de alimentos de 30% causada por comportamento irresponsável nos países mais ricos e a falta de infraestrutura de armazenamento em nações em desenvolvimento.
David Nussbaum, presidente do WWF na Grã-Bretanha, compara os dados com o mercado financeiro ao dizer que não é tarde demais para alterar as tendências em curso, mas que "precisamos lidar com isto com a mesma urgência e determinação com as quais lidamos com a crise financeira sistêmica global".

Fonte: Uol

Hidrelétricas ameaçam ligação entre Andes e Amazônia

segunda-feira, 23 de abril de 2012

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Novo estudo revela que propostas de projetos para a construção de novas barragens na Amazônia podem prejudicar a relação dos rios da região com a cordilheira dos Andes, que alimenta parte do sistema hídrico local


Uma nova pesquisa publicada nesta quarta-feira (18) na revista PLoS ONErevelou que as mais de 150 barragens hidrelétricas que estão sendo planejadas na Amazônia podem romper a ligação entre a cordilheira dos Andes e a região, danificando populações de peixes, ciclo de nutrientes e a saúde da floresta, além de impactar habitantes locais.
De acordo com a análise, feita pelos pesquisadores Clinton Jenkins e Matt Finer, os projetos estão sendo desenvolvidos nos territórios da Bolívia, do Brasil, da Colômbia, do Equador e do Peru. O estudo é o primeiro a avaliar o efeito de todas essas barragens no sistema hídrico amazônico.
Entre os critérios para determinar se as represas teriam ou não impacto ambiental estão a distância entre elas e outras barragens já construídas, se haverá ameaça à ligação entre os Andes e a Amazônia, se as novas represas precisarão de nova infraestrutura e quais seriam os efeitos nos ecossistemas da região.
Os autores descobriram que, de todas as represas, 48 delas, ou cerca de 40%, já estão em estágios avançados de planejamento. Cada uma deve produzir pelo menos dois megawatts (MW) de energia, e mais da metade delas deve gerar mais de 100 MW. Aproximadamente 60% delas causarão algum tipo de ruptura da ligação entre os Andes e a bacia amazônica, e mais de 80% exigirão a construção de novas estradas, linhas de transmissão ou inundação de áreas.
“Esses resultados são bastante preocupantes dada a ligação crítica entre as montanhas dos Andes e a planície amazônica. Parece não haver planejamento estratégico para possíveis consequências do rompimento de uma conexão ecológica que existe há milhões de anos”, comentou Finer, que é ecologista.
“Até agora todas as seis principais conexões entre os Andes e a Amazônia têm tido grande parte de fluxo livre. Com a construção de duas megabarragens no [rio] Madeira, logo teremos cinco [conexões livres]. Documentamos muitos planos para mais três rios (Ucayali, Maranon e Napo), então logo poderemos ter duas. Quais serão as implicações disso?”, questionou.
Jenkins e Finer também citaram os prejuízos que essas represas podem gerar ao ecossistema amazônico, já que, com a mudança ou a interrupção do curso dos rios, estes podem deixar de transportar nutrientes para determinadas áreas e impedir que muitas espécies de animais se alimentem, se reproduzam ou se transportem.
“Muitas espécies econômica e ecologicamente importantes de peixes amazônicos desovam apenas em rios alimentados pelos Andes, incluindo algumas que migram das terras baixas para as altas. A Amazônia andina também é lar de algumas das florestas e rios mais ricos em espécies da Terra. Portanto, qualquer perda florestal norteada por barragens ou impactos fluviais é uma preocupação crítica”, observaram.
“Essas barragens podem ter impactos extremamente amplos na Amazônia, se estendendo do alto dos Andes até a planície do Brasil. Os impactos ecológicos totais podem ser imprevisíveis e potencialmente irreversíveis”, acrescentou Jenkins.
No entanto, os autores enfatizaram que o problema não são as represas em si, mas sim o modo como são planejadas. “É importante não ver todas as barragens como ruins ou todas as barragens como boas”, declarou Finer.
Por isso, os autores solicitam avaliações nos projetos para determinar sua viabilidade ecológica. “Já que os governos da região amazônica andina estão priorizando a hidroeletricidade como peça central de planos de energia de longo prazo, um planejamento estratégico é necessário para minimizar impactos de uma onda planejada de novas barragens na zona mais biologicamente diversa da Terra”, disse Finer.
“Também pedimos por uma reconsideração da noção de que a hidrelétrica é uma fonte de energia de baixo impacto na região neotropical”, afirmaram Finer e Jenkins no relatório da pesquisa.
MDL
Os autores também ressaltaram a importância de analisar esses resultados para verificar se esses projetos deveriam de fato ser incluídos nos créditos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
“Instituições e instrumentos que apoiam as barragens neotropicais, como as instituições financeiras internacionais e o MDL, deveriam considerar a grande variedade de fatores examinados durante as avaliações do projeto. Caso contrário, rios e florestas tropicais podem estar cada vez mais em risco por causa de estratégias que de outra forma seriam bem-intencionadas para mitigar as mudanças climáticas”, escreveram.
“Em outras palavras, as barragens estão sendo construídas de qualquer jeito, e dar créditos a elas gasta os recursos para combater o aquecimento global e permite que os países que compram o crédito emitam mais carbono”, concordou Phil Fearnside, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) que não estava envolvido no trabalho, em declaração ao Mongabay.
Outros cientistas também lembraram que, caso os projetos não levem em consideração esses apontamentos, eles próprios correm o risco de serem afetados. Isso porque as barragens podem ser impactadas pela mudança no regime hídrico local (ocasionada pelas construções e/ou pelas mudanças climáticas), e deste modo terem sua função prejudicada.
“Muito desse investimento acrescentado à Amazônia vai ser sensível às mudanças climáticas. Há evidências indiretas de que o fluxo foi impactado, e que isso impactou a quantidade de hidroeletricidade nos Andes”, explicou John Matthews, ecologista da Conservação Internacional.

Novo Código florestal pode provocar guerra jurídica

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Procuradora da República alerta sobre a insegurança jurídica e falta de clareza nos conceitos do PL 30/2011, que visa modificar o Código Florestal brasileiro enquanto novo texto é apresentado na Câmara de Deputados


A procuradora da república Analúcia Hartman alertou nesta semana em uma palestra no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Santa Catarina sobre a insegurança jurídica que resultará da aprovação do Novo Código Florestal.

O relator do novo Código Florestal na Câmara dos Deputados, Paulo Piau (PMDB-MG), apresentou na quinta-feira (19) seu parecer à proposta que foi aprovada pelo Senado Federal no final de 2011, excluindo parágrafos inteiros deste último, especialmente os que obrigam os infratores a recomporem as áreas devastadas até julho de 2008.

O Projeto de Lei 30/2011, cuja votação final está marcada para o dia 24 de abril, preocupa tanto pelos seus artigos quanto pelos conceitos “totalmente vagos”, criticou a procuradora.

“Serão anos discutindo no judiciário, em todos os Ministérios Públicos do Brasil. Estamos nos preparando para uma verdadeira guerra”, enfatizou  Analúcia, que é símbolo das lutas por um ambiente ecologicamente equilibrado em Santa Catarina.
Ela denuncia que vários artigos do PL 30/2011 deixam para o poder público a responsabilidade de regulamentação, sem nem mesmo designar a tarefa a um ente em particular.

“[O relatório de Aldo Rebelo] é um documento fantástico em falta de embasamento técnico”, criticou a
procuradora sobre o primeiro texto aprovado na Câmara de Deputados, apesar de o texto do senado também ser “muito complicado”.

O próprio Código Ambiental de Santa Catarina, com vários artigos e conceitos polêmicos, encontra-se com representações desde 2009 no Superior Tribunal de Justiça, caminho lento que o Código Florestal também terá que enfrentar se aprovado com tamanhos problemas.

Em Santa Catarina, muitos juízes e técnicos de órgãos públicos, tanto estaduais quanto federais, não usam o código aprovado em 2009.

O Ministério Público Federal designou um grupo de trabalho para analisar as mudanças que os senadores e deputados aprovaram até o momento no Código Florestal, que data de 1965, porém passou por inovações e complementações em seu texto durante todos estes anos.

Não é preciso ser especialista em ciências naturais para listar os danos que as mudanças na legislação trarão ao nosso ambiente já tão pressionado.

Entre os absurdos do PL 30/2011 está a eliminação da legislação federal da proteção sobre as áreas de Restinga, que atualmente é de 300 metros a partir da linha de praia (Resolução CONAMA 303/2002), denuncia a procuradora, além de abrir a possibilidade para atividades agrosilvopastoris, ou seja, “qualquer coisa” em campos de altitude.

Da parte dos conceitos, Hartman aponta problemas com o recém criado ‘área rural consolidada’ e com esclarecimentos sobre a pequena propriedade familiar, que segundo ela ficaram muito vagos.

“É um atestado de morte para a Amazônia e a Zona Costeira”, lamenta.

Não é apenas na questão do Código Florestal que o MP está sendo colocado de lado nos últimos anos e especialmente após o início da batalha da instituição no caso Belo Monte. A procuradora diz que até mesmo para a Rio +20, o MP não recebeu convite oficial e nas discussões sobre licenciamento ambiental também está sendo escanteado.

Novo texto
O relator na câmara, Paulo Piau, informou que retirou do texto aprovado pelo senado o Artigo 62 que trata das áreas de preservação permanente (APPs) às margens de rios, para que o assunto seja tratado em outro momento por meio de projeto de lei ou medida provisória.

Ele admitiu, segundo a Agência Brasil, que o texto apresentado não é consensual e não conta com o apoio do governo. “O governo continua na mesma posição de dizer que seu projeto é o aprovado no senado”. Segundo ele, o debate para a votação deverá ser acirrado independentemente das alterações que ele promoveu, e que caberá ao plenário decidir sobre o texto na hora da votação.

Outra modificação no texto do senado feita pelo relator foi a retirada da proibição para que produtores rurais que não promoverem a regularização ambiental em cinco anos sejam impedidos de receber crédito agrícola. Piau também suprimiu do texto o capítulo que trata do uso de apicuns e salgados (biomas costeiros).

Mais uma supressão feita foi a do dispositivo que trata da definição de APPs nas cidades, incluído pelo senado. O texto suprimido prevê que, nos casos das expansões urbanas, deveriam ser reservados 20 metros quadrados de vegetação por habitante. “A medida iria encarecer os terrenos, principalmente para os programas sociais”, explicou o relator.

De acordo com Paulo Piau, ambientalistas ou ruralistas não sairão perdendo ou ganhando com o novo código. “Acho que o projeto está equilibrado, é extremamente ambientalista para o futuro. Nenhum país do mundo tem faixa de beira do rio de 30 a 500 metros. O Brasil tem. E nenhum país do mundo tem reserva legal até 80% dentro da propriedade privada, como é o caso da Amazônia”.

As críticas aos absurdos propostos pelo relator não tardaram a aparecer.

“O fato é que o deputado não apenas propõe reintroduzir a desobrigação de reparação do dano e o esvaziamento do conceito de Área de Preservação Permanente (como já constava da proposta votada pela câmara em maio do ano passado), mas vai muito além disso, ao eliminar uma série de esclarecimentos interpretativos que o senado havia introduzido nem tanto por fins ambientais, mas para que a lei fizesse algum sentido juridicamente e sua implementação fosse norteada pelos princípios gerais do direito”, criticou Roberto Smeraldi, diretor da OSCIP Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.

Na avaliação da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o relatório apresentado por Piau “premia os desmatadores”, na medida em que iguala os infratores a quem seguiu a lei. Um dia antes, ela afirmou à Carta Capital que seria “mais fácil encontrar uma onça pintada na Esplanada dos Ministérios do que aceitar uma anistia dessas”. 

Brasil cresce às custas de suas riquezas naturais

terça-feira, 3 de abril de 2012

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Indicador de Riqueza Inclusiva, que será apresentado por completo na RIO+20, mostra que o crescimento do Produto Interno Bruto brasileiro entre 1990 a 2008 foi resultado da exploração de seus estoques de florestas e recursos minerais


Os países emergentes conseguiram nos últimos anos se esquivar das crises econômicas e apresentaram bons números de crescimento. Porém, o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) dessas nações teve um custo que pode acabar sendo muito alto, a exploração abusiva da biodiversidade e dos recursos minerais.
Por exemplo, a riqueza brasileira medida pelo PIB entre 1990 e 2008 aumentou 34%, mas no mesmo período o capital natural teria caído 46%. Se todos os fatores sociais, ecológicos e manufaturados fossem levados em conta, o “crescimento real” do Brasil seria de apenas 3%.
Essa nova maneira de calcular o crescimento é justamente o grande objetivo do “Indicador de Riqueza Inclusiva”, criado pelo Programa Internacional de Dimensões Humanas da Universidade das Nações Unidas (UNU-IHDP).
“Um país pode exaurir completamente todos os seus recursos naturais e ainda assim apresentar dados positivos de PIB. Precisamos de um indicador que estime a riqueza das nações – naturais, humanas e de manufatura -, e que leve em conta inclusive os constituintes sociais e ecológicos do bem-estar humano”, explicou Anantha Duraiappah, diretor executivo do UNU-IHDP.
A prévia dos resultados desse novo indicador foi apresentada nesta quarta-feira (28) em Londres, durante a conferência“Planeta sob Pressão”, sendo que os dados completos serão divulgados em junho na Rio+20.
Outro país destacado pelos autores do indicador foi a Índia, que apresentou um crescimento do PIB ainda maior que o brasileiro entre 1990 e 2008, 120%, mas ao custo da perda de 31% de seu capital natural. O verdadeiro avanço do país seria de apenas 9%.
“O trabalho com o Brasil e a Índia ilustra porque o PIB é inadequado e enganador como um índice de progresso econômico para uma perspectiva de longo prazo”, afirmou Duraiappah.
O relatório a ser apresentado na RIO+20 analisará o crescimento de 20 países: Austrália, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Equador, França, Alemanha, Índia, Japão, Quênia, Nigéria, Noruega, Rússia, Arábia Saudita, EUA, Reino Unido e Venezuela. Juntos, eles produzem 72% do PIB mundial e abrigam 56% da sua população.
“Nosso objetivo é oferecer aos governos relatório bianuais para facilitar a transição para a chamada economia verde, criando as bases de produtividade e sustentabilidade do futuro”, disse Duraiappah.
“Até que os padrões de medida que a sociedade utiliza para mensurar o progresso sejam transformados para capturar elementos de sustentabilidade, o planeta e seus povos continuarão a sofrer com o peso de políticas de crescimento em curto prazo”, completou Pablo Muñoz, diretor científico do relatório.
De acordo com Yvo de Boer, ex-presidente da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), as empresas também devem mudar seus indicadores.
“Devido à escassez de recursos, aumento dos preços dos alimentos, problemas de segurança energética e o crescimento populacional, as empresas estão sendo desafiadas a melhorar suas estratégias e modelos de negócios”, disse de Boer. “Felizmente, já existe uma tendência para incrementar e fortalecer os sistemas de informação e relatórios de sustentabilidade.”
Os dados do “Indicador de Riqueza Inclusiva” coincidem com um comunicado divulgado em fevereiro pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), que apontava para a alta participação dos setores de uso intensivo de recursos naturais na economia brasileira.
O quadro geral que o Ipea passou foi que o Brasil é um fornecedor de commodities para o mercado global. Assim, o país arca com os passivos ambientais das atividades de uso intenso dos recursos naturais e ainda gasta para importar bens produzidos com a nossa matéria-prima no exterior.

Imagem: Gráfico mostra os diferentes fatores do crescimento, com o PIB sendo apresentado em azul claro e o Indicador de Riqueza Inclusiva em azul escuro / UNU-IHDP

Fonte: UNU-IHDP

Oceano pode estar aquecendo há mais de 100 anos

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Análise comparativa de novo estudo da Universidade da Califórnia revela que nos últimos 135 anos temperatura do mar aumentou 0,33°C em média e 0,59°C na superfície, oferecendo novas informações sobre a elevação do nível do mar



Uma pesquisa do Instituto Scripps de Oceanografia da Universidade da Califórnia (UC) em San Diego traz novos dados que poderão ajudar a esclarecer o aumento do nível do mar que ocorre desde o século XIX e alguns aspectos das mudanças climáticas. Nesta semana, a instituição apresentou um estudo que revela que o aquecimento das temperaturas oceânicas é mais antigo do que se acreditava.

De acordo com a pesquisa, publicada no periódico Nature Climate Change, a elevação das temperaturas marinhas vem ocorrendo há cerca de 135 anos, e em uma taxa duas vezes maior do que a estimada anteriormente.

Para chegar a essas conclusões, a equipe do Instituto Scripps fez uma análise comparativa entre informações coletadas atualmente pelo Programa Argo, que conta com sondas flutuantes em 3.500 pontos nos oceanos, e dados recolhidos pela expedição do navio HMS Challenger, ocorrida entre 1872 e 1876.

O exame revelou que durante esse período de mais de um século, a temperatura oceânica sofreu um aumento médio de 0,33°C, atingindo uma elevação de 0,59°C na superfície marinha (até 700 metros). Já em faixas mais profundas (abaixo de 900 metros), a temperatura subiu 0,12°C.

Mesmo com as imprecisões e os erros cometidos nas medições feitas no século XIX, como falhas nas leituras e problemas nos instrumentos, a análise possibilitou que os cientistas de hoje concluíssem que o aquecimento dos oceanos vem ocorrendo há mais tempo do que os cerca de 50 anos imaginados anteriormente, e que além disso as taxas desse aquecimento são o dobro do que o esperado.

“A importância desse estudo não é apenas que vemos uma diferença de temperatura que indica aquecimento em uma escala global, mas que a magnitude da mudança de temperatura desde 1870 é o dobro do que a observada nos últimos 50 anos. Isso sugere que a escala de tempo para o aquecimento do oceano não é apenas dos últimos 50 anos, mas pelo menos dos últimos 100 anos”, explicou Dean Roemmich, físico oceanógrafo da UC de San Diego.

Roemmich observou que os resultados do estudo ajudarão a elucidar algumas questões relacionadas às mudanças climáticas e ao aumento do nível do mar, que, entre outras causas, ocorre devido à dilatação da água que acontece quando as temperaturas sobem.

“A temperatura é um dos descritores mais fundamentais do estado físico do oceano. Além de simplesmente saber que os oceanos estão aquecendo, [os resultados] nos ajudarão a responder algumas questões climáticas. O aquecimento do oceano já foi ligado anteriormente ao derretimento glacial e ao descoramento massivo de corais”, comentou Roemmich ao portal LiveScience.

O pesquisador também acredita que as conclusões terão implicações importantes para entender a absorção de calor pelos oceanos. Estudos anteriores revelaram que a Terra tem absorvido mais calor do que está irradiando, e que 90% desse excesso de calor que está sendo acrescentado ao sistema climático desde a década de 1960 tem sido armazenado nos oceanos.

“Então isso significa que as temperaturas oceânicas são provavelmente a medida mais direta que temos do desequilíbrio energético de todo o sistema climático”, finalizou Roemmich.

Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais

Áreas de conservação geridas por comunidades nativas são mais bem sucedidas

quarta-feira, 21 de março de 2012

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Dois estudos publicados recentemente sugerem que a conservação por si só (strito senso) é menos efetiva na redução do desmatamento do que florestas comunitárias geridas por indígenas ou povos que dependem delas - exceto em áreas mais isoladas.
A relação entre a proteção dos ecossistemas e a manutenção das comunidades que dependem das florestas de modo que convivam harmonicamente é um dos pilares que determinarão o sucesso da conservação dos recursos naturais. 
Muitos estudos começam a tratar destas sinergias, inclusive dois publicados nos últimos meses pelo Centro para Pesquisas Florestais Internacionais (CIFOR) e Banco Mundial.
Através de meta-análises de estudos de caso já publicados, o CIFOR examinou dados de mudança no uso da terra em dois casos, florestas comunitárias (33 áreas) e protegidas (40).
Comparações estatísticas das taxas anuais de desmatamento e análises qualitativas ajudaram na conclusão que, no geral, as áreas comunitárias apresentaram níveis menores e menos variáveis de desmatamento.
"Consideramos que uma estratégia mais resiliente e robusta para a conservação florestal deve englobar uma visão regional com diferentes tipos de uso da terra, nos quais as necessidades sociais e econômicas dos habitantes, assim como os diretos sobre aterra e as capacidades locais, são reconhecidos", pontuou o CIFOR.
No estudo do Banco Mundial,técnicas foram utilizadas para excluir o risco de comparação entre áreas protegidas (APs) muito isoladas e outras que não são protegidas. As análises giram em torno da comparação entre APs strito senso, APs com usos múltiplos e áreas indígenas.
Na América Latina, APs stritu senso reduzem substancialmente a incidência de fogo ,mas as taxas em APs com usos múltiplos são ainda menores. Além disso, as áreas indígenas têm impactos enormes na redução do desmatamento, aponta o estudo.
As conclusões indicam que alguns tipos de restrições ao uso da terra podem contribuir efetivamente para metas de conservação da biodiversidade e mitigação das mudanças climáticas, mas que as áreas indígenas e APs com usos múltiplos também podem ajudar neste sentido, além de apoiarem as populações locais.
"O zoneamento para usos sustentáveis pode ser mais viável politicamente e aceitável socialmente do que a designação de proteção estrita em áreas com densidades populacionais maiores e menos remotas", diz o estudo do Banco Mundial.
Entretanto, este estudo não considera fatores como o 'vazamento' (deslocamento do desmatamento para outras áreas) e alguns tipos de degradação florestal(exemplo: a remoção seletiva de madeira que pode ter impacto significativo sobre a biodiversidade e carbono), que não podem ser detectados com a análise dos dados de incêndio.
Outra pesquisa, publicada na revista Science em março de 2011, considera 84 estudos de APs na Ásia e África, revelando uma associação positiva entre a riqueza da biodiversidade, apoio das florestas para os modos de vida e participação da população local na governança florestal.


Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais 

Met Office atualiza dados e confirma 2010 como o ano mais quente já registrado

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Atualizações nos dados do serviço britânico de meteorologia (Met Office) e da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia revelaram que 2010 foi o ano mais quente desde que os registros começaram, no início do século XIX.
De acordo com a nova análise, 1998, que era considerado anteriormente o ano mais quente, passou a ser o terceiro, atrás de 2010 e 2005. Com as novas informações, o registro do Met Office passa a ficar mais semelhante aos da NASA e da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos EUA.
Uma das razões para a mudança das leituras foi a inclusão de registros de temperatura do Ártico na base de dados HadCRUT. A região é uma das que está aquecendo mais rapidamente no planeta, mas suas observações não haviam sido incluídas nos estudos anteriores.
“A HadCRUT é sustentada por observações e já deixamos claro anteriormente que ela pode não estar capturando totalmente as mudanças no Ártico porque temos pouquíssimos dados da área”, comentou Phil Jones, diretor da Unidade de Pesquisa Climática.
“Na última versão incluímos observações de mais de 400 estações no Ártico, Rússia e Canadá. Isso levou a uma representação melhor do que está acontecendo nessa grande região geográfica”, continuou Jones.
Além dos dados mais determinantes sobre as temperaturas dos últimos anos, o novo estudo do Met Office também atualizou informações sobre medições mais antigas, como as da década de 1940, que apresentavam muitas imprecisões e mudanças bruscas.
“Um exemplo disso são as rápidas mudanças em formas de medição que vemos nos arquivos digitais da Segunda Guerra Mundial. Algumas observações da temperatura da superfície do mar foram tiradas de baldes transportados a bordo de navios e outras foram feitas nas casas de máquinas”, observou Peter Scott, diretor de Monitoramento e Atribuição Climática do Met Office.
“A pesquisa mostrou que as leituras dos baldes eram geralmente mais frias, então quando a base de dados muda de uma fonte para outra você vê saltos artificiais nos dados brutos. Quantificamos esses efeitos e os corrigimos para fornecer uma visão mais clara da evolução das temperaturas globais”, acrescentou Scott.
O Met Office enfatizou, no entanto, que embora as novas leituras mostrem variações em relação às informações anteriores, a tendência de observar um aumento nas temperaturas globais ainda continua.
“As atualizações resultaram em algumas mudanças individuais nos anos no registro de temperaturas médias globais, mas não mudaram o sinal geral de aquecimento de cerca de 0,75°C desde 1900”, concluiu Colin Morice, climatologista do Met Office.
 

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